A restauração do chatadô, importante monumento do município de Cachoeira do Sul, é um investimento em execução pela Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento) na ordem de R$ 1,1 milhão. A iniciativa procura resgatar as características do projeto inicial, inaugurado em 1925 e ao mesmo tempo valorizar um bem de interesse público, fortalecendo-o como ponto de referência para a comunidade local. Além disto, cumpre compromisso estabelecido em contrato de programa assinado entre a empresa e o município de Cachoeira do Sul. A previsão de conclusão e entrega da obra é em março de 2017.
Localizado na área central da cidade, forma, na praça Balthazar de Bem, juntamente com o prédio da Prefeitura Municipal e a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição um rico conjunto arquitetônico, considerado o mais belo cartão-postal de Cachoeira do Sul. Construído para levar a água por gravidade ao reservatório de distribuição localizado na Rua Júlio de Castilhos, e regular ao mesmo tempo a pressão da água nas zonas mais elevadas, com o passar do tempo e o crescimento da cidade, esse objetivo não foi mais alcançado, mas a beleza e simbolismo do local permaneceram ao longo dos anos. É esse patrimônio, de inestimável valor histórico, que a Corsan está devolvendo ao povo cachoeirense.
O chatodô deixou de ser utilizado para o abastecimento de água no início da década de 70 do século passado, tendo em vista as obras de ampliação do sistema de abastecimento de água executadas pela Corsan. A partir de então, tornou-se um belo chafariz histórico, construído numa época de enorme valor artístico e cultural nas obras de saneamento. O local, então, passou a sofrer a ação do tempo, sendo necessário um trabalho técnico de recuperação condizente com a importância do monumento.
Para realizar tão detalhado processo de restauração, a Corsan contratou o restaurador Antônio Sarasá, dono do Estúdio Sarasá, empresa paulista especializada que já realizou recuperações em locais históricos importantes, como o Teatro Municipal de São Paulo, os vitrais da catedral de Brasília, o Museu Ipiranga, em outras. Ele iniciou os trabalhos em abril e, num primeiro momento, reconstruiu com argamassa especial as partes quebradas do monumento e agora realiza a pintura na parte interior da edificação, na cor ocre (amarelo-escuro), original da época da inauguração. Os testes da nova iluminação estão em andamento, enquanto prosseguem as obras do espelho d’água e paisagismo, que estarão concluídas no início do próximo ano, conforme previsto no cronograma dos trabalhos de restauração. Mas a recuperação do chatodô não fica apenas na parte física. A empresa também busca o envolvimento da comunidade, parte decisiva, segundo Sarasá, para a preservação do local após a conclusão dos trabalhos. “Já realizamos várias oficinas de educação patrimonial, onde mostramos à comunidade detalhes do monumento, sua simbologia, com resultados muito bons, pois já tivemos a participação de mais de cem pessoas”, afirma Sarasá.
O chatodô (Chateu d’Eau, em português “Castelo de Água”) é um torreão vazado, em estilo neoclássico, com colunas dóricas no térreo, jônicas no primeiro andar e coríntias no último lance. Em seu topo está a representação de Netuno e ao redor do torreão, seis figuras de ninfas semi-inclinadas carregando cântaros de onde jorram um filete de água para o interior de um espelho d’água recortado em compartimentos pelas alamedas que conduzem às escadarias. Cercado inicialmente por doze palmeiras imperiais, o chatodô compõe um paisagismo de matizes clássicas, como aqueles desenvolvidos em escala mais ampla no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, e em São Paulo, no Parque da Independência. Segundo historiadores, ao se projetar o reservatório de água na forma de um monumento artístico, estava se seguindo aquilo que havia de mais moderno em doutrina de urbanismo no início do século XX, e que agora ressurgirá com todas as características daquele momento pelo compromisso assumido pela Corsan. Após a inauguração oficial, a manutenção do chatodô ficará sob responsabilidade da Prefeitura.