Mesmo em meio às turbulências do mercado financeiro após o anúncio do lançamento da operação em fevereiro/21, a Corsan finalizou, na sexta-feira, 19, a maior operação de captação de recursos de sua história. Estreando no mercado de capitais de dívida, a empresa emitiu títulos de renda fixa (debêntures), que passaram a ser negociados na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), a bolsa de valores oficial do país. Ao todo, foram captados R$ 600 milhões, sendo R$ 450 milhões em debêntures de infraestrutura (incentivadas) em duas séries, de sete e dez anos de prazo, e outros R$ 150 milhões em debêntures institucionais, de cinco anos. Os papéis são aderentes aos compromissos ESG, conjunto de boas práticas empresariais relacionadas à sustentabilidade (ambiental, social e de governança), sendo considerados Debêntures Verdes, por sua adicionalidade nos aspectos ambientais e sociais.
O diretor-presidente da Companhia, Roberto Barbuti, destaca as diretrizes que embasaram essa captação de recursos: “Temos realizado um trabalho em toda a organização cujo pilar fundamental é a governança corporativa. A partir dela, reforçamos nossos mecanismos de integridade e conformidade, otimizando processos de negócio e de gestão. O mercado, ao dar crédito à Corsan, demonstra que acredita nos projetos apresentados e na mudança que vem ocorrendo para levarmos a Companhia a patamares nunca antes alcançados. Queremos ser um modelo de eficiência, entregas e qualidade nos serviços. Essa operação de sucesso é apenas uma das etapas desse amplo processo”.
Exemplo da confiança que o mercado de crédito tem na Corsan é o fato de que a demanda do mercado foi superior a R$ 1,3 bilhão, ou seja, excedeu em mais de duas vezes o volume da emissão, que contava com garantia firme dos bancos coordenadores. Por se tratar de uma oferta com esforços restritos de colocação (número limitado pelas regras da ICVM 476), a dimensão da demanda evidencia que os principais players do mercado de capitais entendem que a Companhia caminha para ter um plano viável de financiamento. De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Douglas Casagrande, “a Corsan possui um plano de investimentos já anunciado na casa de R$ 10 bilhões até 2033, quando teremos de concluir a universalização dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto, conforme o Novo Marco do Saneamento. Para isso, buscar novas fontes de recursos é fundamental. Foi um trabalho longo e que contou com a ampla dedicação não apenas da área financeira, mas de toda a empresa. O resultado desse trabalho mostra a confiança dos investidores na entrega dos projetos e na garantia da remuneração do investimento realizado”.
Histórico
As conversas com o mercado iniciaram-se com base em uma leitura de que, por falta de histórico, o melhor caminho seria a Corsan acessar o mercado via FIDC (desconto de recebíveis) em uma operação de R$ 200/300 milhões e de curto prazo. O tema evoluiu para a discussão de debêntures, sendo sinalizadas taxas de IPCA + 7% para os papéis de infraestrutura e necessidade de garantias. Ao final, as Debêntures de Infraestrutura emitidas alcançaram um custo final inferior a IPCA + 5% e são “clean”, ou seja, sem garantias, o que flexibiliza a gestão do balanço da Corsan, inclusive para novas captações.
Confira as principais etapas da estratégia bem-sucedida da Corsan, iniciada há mais de um ano:
– novo Auditor Independente (PwC)
– diagnóstico de pontos de melhoria para abertura de capital (IPO Readiness)
– avaliação do potencial de Rating (E&Y)
– contratação da Agência de Rating (Fitch) e classificação AA-
– sondagem prévia junto ao mercado para dimensionar a operação
– obtenção, junto ao MDR, de “lastro” para emissão de Debêntures de Infraestrutura
– Non-deal Roadshow (reuniões pra apresentar Corsan ao mercado)
– Solicitação de Propostas e contratação de bancos e advogados
– Contratação de Certificadora para obter o Selo Verde/ESG (Sitawi)
– Roadshow com investidores, seguidos de inúmeras reuniões para sanar dúvidas
– Bookbuilding, com redução das taxas de garantia firme
Os recursos captados com as debêntures de infraestrutura (R$ 450 milhões) serão destinados a obras dos sistemas de abastecimento de água (SAA) e esgotamento sanitário (SES) nos municípios que serviram de lastro para a emissão:
– Ampliação do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) em Dom Pedrito/RS – captação, elevatória de água bruta e tratamento do lodo da Estação de Tratamento de Água (ETA)
– Ampliação do SAA em Eldorado do Sul/RS – adutora de água tratada e reservatório
– Ampliação do SAA Gramado e Canela – elevatória e adutora de água bruta, ampliação da ETA II, tratamento do lodo da ETA II, adutora de água tratada, reservatório e booster
– Ampliação do SAA em Iraí/RS – barragem de nível e reforma na elevatória de água bruta
– Ampliação do SAA em Osório e Xangri-lá – implantação de sistema de tratamento de lodo na ETA Osório e na ETA Atlântida Sul
– Ampliação do SAA em Santa Maria/RS – adutora de água bruta do Escrimin e adutora de água tratada da UFSM
– Ampliação do SAA da 5ª Seção da Barra em São José do Norte/RS – adutora e elevatória de água tratada e reservatórios
– Implantação do Sistema Integrado de Abastecimento Alvorada/Viamão – captação, adutoras, elevatórias, ETA, tratamento do lodo e reservatórios
– Implantação da Estação de Tratamento de Água no município de Santa Cruz do Sul/RS
– Ampliação do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) Alegrete/RS – implantação de redes coletoras na Bacia 1 e ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)
– Ampliação da ETE em Cachoeira do Sul/RS – 2º módulo
– Ampliação do SES em Canela/RS – implantação de redes coletoras nas Bacias Canelinha e Santa Terezinha e ampliação da ETE Santa Terezinha – 2º módulo
– Implantação da ETE Ávila em Gramado/RS – 1º e 2º módulos
O comunicado divulgado pela Corsan sobre a liquidação financeira de sua oferta pública de debêntures pode ser conferido no link Comunicado ao Mercado 19 03 2021 (.pdf 519,89 KBytes)